JANGADA BRASILEIRA

Si lo que estas haciendo o quieres hacer, es un modelo respetando su sistema constructivo original, este es tu sitio.
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franneto
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JANGADA BRASILEIRA

Mensaje por franneto »

Olá amigos irei lhes mostrar um projeto recém concluido e que está participando do
2º GB NAVAL - TEMA LIVRE do forum brasileiro http://www.panzermodel.com/forum" onclick="window.open(this.href);return false;, onde sou moderador de ferromodelismo.

Vamos lá:

Finalmente vou participar de um GB.Porém,antes de própriamente postar algo sobre o meu modelo ou citar como surgiu a idéia desse modelo de embarcação,irei postar dois pequenos vídeos do filme "IT'S ALL TRUE" de Orson Welles de 1942 que,em um de seus episódios mostra a dura vida de um grupo de jangadeiros do nordeste brasileiro.

Num desses vídeos podemos acompanhar a construção de uma jangada.

http://www.youtube.com/watch?v=3XZ-2iK3 ... r_embedded

http://www.youtube.com/watch?v=xCLms_Nq ... r_embedded

Vai junto,ainda,a foto de um modelo de jangada - escala 1:10 - que construi em 1997.Depois eu conto a história de como isso começou...

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Agora vou transcrever alguns artigos que mostram a história dessa embarcação,os quais poderão ser usados,eventualmente,em trabalhos escolares da criançada.Mas vamos lá:




Em primeiro lugar um texto do mestre-folclorista Câmara Cascudo,publicado originalmente em "Documentário da Vida Rural 11 - Serviço de Informação Agrícola - 1957 (por sinal,meu ano de nascimento) e republicado em http://www.jangadabrasil.com.br/revista ... 97012a.asp" onclick="window.open(this.href);return false;

Breve história da jangada no Brasil
Luís da Câmara Cascudo

A jangada foi a primeira embarcação brasileira registrada por mão de europeu.

Domingo de Pascoela, 26 de abril de 1500, Pero Vaz de Caminha assistiu a primeira missa no ilhéu da Coroa Vermelha e reparou na curiosidade dos tupiniquins. E escreveu: "E alguns deles se metiam em almadias — duas ou três que ali tinham — as quais são feitas como as que eu já vi — somente são três traves, atadas entre si. E ali se metiam quatro ou cinco, ou esses que queriam, não se afastando quase nada da terra, senão enquanto podiam tomar pé".

Foi o grande cronista chamando a jangada por um nome bem diverso e desculpando-se da dessemelhança. Almadia é a canoa monóxila, estreita, comprida, feita duma única árvore, aproveitada em sua seção retilínea. Correspondia às igaratés e às ubás. Os portugueses conheciam-na em todo o longo do século XV, empurrada pelos braços negros dos africanos. Era, e bem podia ser, o pangaio, tone, lancha, piroga, escaler. Jangada é que não. Pero Vaz de Caminha denuncia, ele homem da cidade do Porto, não ter visto ainda as balsas atravessadoras de rios? Ou não as havia naquele último ano do século? Eram do Brasil tupi, as piperis ou igapebas.

Jangada, o português viu nas Índias, enfrentando sua esquadra, batendo-se pelo domínio marítimo. Mas o nome popularizou-se depois. Em 1500, não conheço menção. Vinha do dravidiano, da tâmil, tâmul ou timul, divulgado pelos malaios, janga, jangá, jangadan, a janga maior, igual as catamarãs dos mares índios.

Hans Staden, que ficou pelo litoral paulista não viu jangadas e é o primeiro autor estrangeiro a falar do Brasil em livro impresso. Jean de Léry habitando o Rio de Janeiro de março de 1557 a janeiro de 1558, fixou o piperi, como a via pular nas ondas da Guanabara, certains radeuax, quíls nomment piperis.

Eram feitas de cinco ou seis paus roliços, amarrados com cipós, guiadas avec un petit baston plat qui leur sertd´aviron. Remavam sentados, pernas estendidas, tendo a embarcação uma braça de longo por dois pés ou menos de largura. Apenas podia suster um único pescador. O raio de ação seria limitado. Mesmo assim, Jean de Léry propunha a piperi como excelente meio para atravessar rios, pântanos, lagos de águas paradas ou de correnteza diminuta, aos seus patrícios da doce terra de França.

Pero de Magalhães Gandavo teria escrito sua História da província Santa Cruz a que vulgarmente chamamos Brasil ao redor de 1570 ou antes. O livro impresso em Lisboa, 1576, foi o primeiro a denominar piperis pelo nome malaio que ficou. Chamou-as jangadas.

"Também se sustentam do muito marisco e peixes que vão pescar pela costa em jangadas, que são uns três ou quatro paus pegados nos outros e juntos de modo que ficam à maneira dos dedos da mão estendida, sobre os quais podem ir duas ou três pessoas ou mais se forem os paus, porque são mui leves e sofrem muito peso em cima d'água. Têm quatorze ou quinze palmos de comprimento, e de grossura o redor, ocuparam dois mais ou menos."

Ficou a jangada, desaparecendo piperis ou igapebas como as chamava Marcgrav, pondo ao pé o sinônimo lusitano, jangada.

No inimitável Gabriel Soares de Souza, jangada é corrente em 1587, indicando o pau com que eram fabricadas e o uso comum para "índios pescadores e mariscadores" que o fantástico ipupiara perseguia, faminto.

Ficaram pescando perto da costa, mariscando, suprindo os engenhos, confiando o emprego aos escravos brasileiros, os brasis. Não se aventurariam mar a fora sem possibilidade de direção segura e emprego do vento. Não há alusão quinhentista sobre vela em jangada ou qualquer embarcação aborígene.

Em novembro de 1635, uma jangada avançou mar a dentro, rompendo vaga, nevoeiro e distância, tentando comunicar-se com a esquadra de dom Lopo de Hozes e dom Rodrigo Lobo, que trazia reforços contra o holandês, dono da terra. Sem vela, bolina e remo de governo esta jangada não se atrevia a vencer as águas doidas do cabo de Santo Agostinho, para o alto, em direção deliberada e certa. Com um reminho era impossível.

Em desenho, o mais antigo é o de Marcgrav, na sua Brasiliae geographics & hydrographica tabula nova, etc. impressa em 1643. Registra uma jangadinha, com um só remador, tendo uma vela quadrada, pendendo duma carangueja. Nas jangadas, esta vela desapareceu, substituída pela latina, triangular, comum e única em nossos dias. Os indígenas batizaram-na de cu-tinga, língua branca, pela sugestão da forma.

Da pesca, sempre marítima, e transporte, continuou sendo veículo no século XVIII.

Durante esse século a popularidade não diminui. Ao passar de toda a guerra dos Mascates e suas repercussões, os dois lustros setecenntistas, é a jangada o meio de fácil escapula para conduzir conspiradores ou fugitivos para as praias distantes ou a Bahia. Para trazer víveres do Recife cercado pelos nobres de Olinda é a jangada fórmula incomparável, iludindo a vigilância dos barcos e das patrulhas e fortins espalhados ao longo da costa.

É o século do povoamento nordestino e decorrentemente a pescaria toma vulto e volumes essenciais. As jangadas enxameiam, acompanhando as piracemas, especialmente do pirabebe, o peixe-voador. Transportam sal para as salgas de carne secas ao sol. Entregam o peixe no curso dos rios maiores que se tornam navegáveis no tempo do inverno. É a fase em que nascem povoados de pescadores em sua maioria, olhando a pancada do mar, o arrais no alto do jirau, mirando a mancha negaceante dos cardumes. Também esta data centúria parte vultosa do plantio dos coqueirais que dariam à paisagem litorânea a moldura ornamental e linda.

É igualmente a jangada o transporte clandestino, silencioso, ideal para o contrabando. Contra o monopólio do sal nas salinas portuguesas, as jangadas nordestinas carregam o sal de Macau, de Areia Branca, de Aracati, e desaparecem, viajando de noite e passando a carga nas madrugadas aos portadores misteriosos e solícitos que o distribuíam na atividade de formigas incessantes. O sal era transportado em bruacas de couro cru. Uma canoa despertaria atenção fiscal repressora. Quem ia desconfiar da jangada humilde, inofensiva e facilmente aprisionada? Para o Nordeste, o monopólio do sal foi a mais inútil das leis portuguesas. Graças às jangadas.

O primeiro registro do século XIX é o de Henry Koster, olhando a costa de Pernambuco, rumo ao Recife, datado de 9 de dezembro de 1809. É registro descritivo completo, ao qual me reporto e dou fé, por denunciar a jangada com sua evolução terminada, vela triangular, bolina e remo de governo.

"Nada do que vimos neste dia excitou maior espanto que as jangadas vogando em todas as direções. São simples balsas, formadas de seis peças, duma espécie particular de madeira leve, ligadas ou encavilhadas juntamente, com uma grande vela latina, um remo que serve de leme, uma quilha que se faz passar entre as duas peças de pau; no centro, uma cadeira para o timoneiro e um longo bastão bifurcado, no qual suspendem o vaso que contém água e as provisões. O efeito que produzem estas balsas grosseiras é tanto maior e singular quanto não se percebem, mesmo a pequena distância, senão a vela e os dois homens que as dirigem. Singram mais próximos do vento que outra qualquer espécie de embarcação."

Os aperfeiçoamentos, Koster fixou naquele final de 1809: a large latine sail, a paddle used as a rudder e a sliding keel, vela, remo de governo e bolina, indispensáveis e atuais.

Não interessam os demais quadros da jangada, vista pelo príncipe Maximiliano de Wied-Neuwied, em junho de 1815, do francês Tollenare, em novembro 1816 e de Elisabeth Cary Agassiz, em abril de 1865.

A jangada já estava, desde 1809, contemporânea, com seus possíveis trezentos séculos de existência obstinada.

Com sua idade veneranda, todos os dias, de Alagoas ao Ceará, largam as jangadas para a batalha cotidiana, embarcação do neolítico, orçando transatlânticos e hidroaviões trovejantes.

Em todas as paragens onde passava sua silhueta, o barco de vela, com capacidade superior, afastou-a, matando-a. já não bóiam na Polinésia os "pae-pae" decorativos. No Nordeste do Brasil, a jangada continua imperturbável.

Ignorando-a, Thor Heyerdahl, o navegador do Kon-Tiki, escreveu: "Não existia nenhuma pessoa viva no nosso tempo que nos pudesse ministrar um curso prático avançado de como governar uma jangada indígena".

Quatro mil e duzentos jangadeiros responderiam ao convite...





Um segundo texto nos mostra o "vocabulário da jangada",o mesmo também foi encontrado em http://www.jangadabrasil.com.br/revista ... 97012b.asp" onclick="window.open(this.href);return false; ,vamos a ele:

Jangada


Pereira da Costa, Texto publicado em Vocabulário pernambucano


Espécie de balsa de 7 a 8 metros de comprimento sobre 2,60 de largura, feita de 6 paus de uma certa madeira mui leve, ligados entre si por meio de cavilhas de madeira rija. A jangada é principalmente destinada à pesca, desde o norte da Bahia até o Ceará. Também a emprega como meio de transporte de passageiros e, neste caso, são guarnecidas de um toldo e dão-lhe o nome de paquete. Os dois paus do centro são os meios; os dois imediatos, os bordos; e os dois últimos, as membiras.

Segundo Juvenal Galeno, de proa a popa, as suas partes acessórias são:

1. Banco de vela, que serve para sustentar o mastro;

2. Carlinga, tabuleta com furos embaixo do banco de vela e em que se prende o pé do mastro, mudando-o de um furo para outro, conforme a conveniência da ocasião;

3. Bolina, tábua que, entre os dois meios e junto ao banco de vela, serve para cortar as águas e evitar que a jangada descaia para sotavento;

4. Vela, uma grande e única vela cosida em uma corda junto ao mastro, o que se chama palombar a vela;

5. Ligeira corda presa à ponta do mastro e nos espeques para segurar aquela;

6. Retranca, vara que abre a vela;

7. Escota, corda amarrada na ponta da retranca e nos caçadores. Para encher a vela de vento, puxa-se a escota;

8. Caçadores, dois tornos pequenos da proa;

9. Espeques, dois tornos de 0,22 com uma travessa e no meio uma forquilha. Na forquilha cada pescador amarra uma corda e, quando é preciso, nela segura-se derreando o corpo para o mar e assim "agüentando a queda da jangada". Nos espeques e forquilha colocam-se o barril d'água, o tauaçu, a quimanga, a cuia de vela, a tapinambaba, o samburá e a bicheira;

10. Tauaçu, pedra furada, presa a uma corda e serve de âncora;

11. Quimanga, cabaça que guarda comida;

12. Cuia de vela, concha de pau com que se molha a vela;

13. Tapinambada, maçame de linhas com anzóis;

14. Samburá, cesto de boca apertada em que se guarda o peixe;

15. Bicheira, grande anzol preso a um cacete, com que se puxa o peixe pesado para cima da jangada, a fim de não quebrar a linha;

16. Banco do governo, banco à popa em que se assenta o mestre;

17. Enfim, machado e fêmea, dois calços à popa, onde se mete o remo, servindo este de leme;

Etim. É termo usual em Portugal, bem que a jangada de lá não tenha a aplicação que lhe dão no Brasil. Parece que este vocábulo é relativamente moderno na língua portuguesa. É certo que em 1587 já dele se serve Gabriel Soares; mas anteriormente, em 1500, Vaz de Caminha, descrevendo a jangada que vira em Porto Seguro, dá-lhe o nome de almadria. Em tupi tem a jangada o nome de igapeba, que se traduz em canoa chata.




(Em Cascudo, Luís da Câmara. Jangada; uma pesquisa etnográfica. Rio de Janeiro, Ed. Letras e Artes, 1964)






Mais um "vocabulário da jangada" publicado em http://www.jangadabrasil.com.br/marco/of70300a.htm" onclick="window.open(this.href);return false;


JANGADA BRASIL ,No.7 ,MARÇO 1999


O vocabulário da jangada



Mestre: Piloto da jangada e o primeiro pescador. Tem a responsabilidade da navegação, escolha dos pesqueiros, duração da tarefa. Leva o remo de governo na mão e a linha de corso amarrada na coxa, sentado no banco de governo ou de mestre. Tem direito até a quarenta e cinco porcento do pescado. É a autoridade real da jangada. Mestre é para mandar. Quem é mestre deve saber...


Proeiro: Segunda pessoa da jangada. É quem puxa o peixe na linha de corso. Substitui o mestre doente ou impossibilitado do comando. Fica à sua direita nos espeques e aí pesca. O pescado do proeiro é marcado por uma ponta da cauda cortada.


Bico de Proa: Terceiro pescador da jangada. Substitui o proeiro. Marca o peixe que lhe é destinado cortando as duas pontas da cauda.


Contra Bico: Quarto e último homem na jangada. Pesca na proa e marca o peixe cortando uma parte da cabeça.


Pau de Jangada: Jangadeira. Tiliácea, Apeiba tibourbou, Aubl. Gabriel Soares de Souza, em 1587, foi o primeiro a descrever o pau de jangada: - "Apeiba é uma árvore comprida, muito direita, tem a casca muito verde e lisa, a qual árvore se corta de dois golpes de machado, por ser muito mole: cuja madeira é muito branca, e a que se esfola a casca muito bem; e é tão leve esta madeira, que traz um índio do mato as costas três paus destes de vinte e cinco palmos de comprido e da grossura da sua coxa, para fazer delas uma jangada para pescar no mar, à linha; as quais árvores se não dão senão em terra muito boa. "Apeiba", contração de a-pe-iba, significa "árvore de flutuar" e tibourbou semelhantemente "pau que flutua ou bubuia" (Pirajá da Silva, notas à Notícia do Brasil, 2º, 70). O pau de jangada é exportado do Pará e por Alagoas, vindo do município de São Miguel dos Campos, considerado o melhor "boeiro", que bóia e certas partidas cearenses são acusadas de "madeira alagada". Chamam-na ainda embira branca e pente de macaco.


Mastro: O único mastro da jangada é feito de gororoba, camassari ou conduru e mede de cinco a seis metros. São estas madeiras recomendadas pela resistência e flexibilidade. Durante a pescaria, largado o tauaçu ou a fateixa, enrola-se a vela no mastro, retirando-o do banco. Deitam-no apoiado no banco de vela e na forquilha dos espeques. A vela é uma influência estrangeira? Os portugueses não a encontraram no Brasil no século XVI. Havia no Pacífico, segundo Nordenskiold. Se desceu pelo Amazonas, vinda do Peru ou Equador, não deixou rasto. Deduzo, entretanto, que a vela já estava aplicada à jangada na quarta década do século XVII, no litoral do nordeste brasileiro.


Vela: As jangada usam uma vela única, triangular, latina de algodãozinho. Os indígenas tupis chamavam-na "língua branca", cu-tinga, pela sugestão de sua forma. O almirante Alves Câmara encontrou na Bahia, em 1888, jangadas com duas velas e dois mastros: uma quadrangular, maior, e outra pequena e triangular, num mastro de vezena inclinado para vante e escorado ou amarrado no aracambuz e esquepes atuais. O tamanho da vela é relativo à altura do mastro. Os mestres põem o mastro no solo e riscam a futura vela na areia, marcando o desenho com fios e cobrindo o espaço com faixas de pano que vai sendo cortado e cosido dentro das dimensões fixadas. O trabalho mais sério é "entralhar" ou "palombar" a vela. Consiste em cosê-la com fio encerado em cera de abelha, e que se chama "coberta", enfiado na agulha de palombar, à uma corda de macambira, carrapicho ou cabo de manilha, de três quartos. A corda, que se denomina "envergue", sofreu um processo de prova, exposta vinte e quatro horas ao sol, esticada entre os coqueiros e com um tauaçu pendente, para que não encolha, fazendo a vela ficar "sacuda", com sacos, com bolsos, diminuindo a superfície de exposição ao vento. A vela fica cosida com pontos de duas polegadas de distância de um ao outro. Depois de "entralhada" é levada para "envergar" no mastro. Referia-se a pôr a vela na verga que não existe nas jangadas. A parte superior da vela é a "testa" e o restante "corpo". Os vértices são "guinda", o superior; "punho", o mais saliente e "amura" ou "mura", o inferior. Os grandes mestres de jangada governavam olhando apenas a vibração do vento na "testa" da vela. O segredo da jangada corredeira está no entralho da vela. Os portugueses não encontraram o uso da vela nas embarcações indígenas brasileiras. No Pacífico, o piloto Bartolomé Ruiz viu, em 1526, nas águas do Equador, uma grande bolsa com vela quadrangular e já utilizando a bolina: Dos mástiles o palos gruesos, colocados en el centro del buque, sostenian una gran vela cuadrada de algodón, mientras que un grosero timón y una especie de quilla hecha com una tabla encajada entre los maderos facilitaba al marinero el que diese dirección a esta clase de buque, que seguia su curso sin la ayuda del remo. É a mais antiga menção. No Brasil, o primeiro registro gráfico é um desenho na Brasilae Geographica & Hydrographica Tabula Nova, etc de Jorge Marcgrav, 1643, num desenho. Vê-se uma pequeníssima jangada com um só negro pescador, usando a vela quadrangular, suspensa duma carangueja. Tenho a convicção do uso da vela nas jangadas, já em 1635, e possivelmente a bolina, como quilha móvel e o remo de governo. Sem a vela, como registraram os cronistas quinhentistas, a jangada apenas fazia a pesca próxima à costa. Arriscar-se ao mar aberto, com direção deliberada e domínio do vento só seria possível com aparelhagem que hoje conhecemos: vela, bolina e remo de governo. E há documentação destas viagens, em 1635. Resta apurar se nos veio do Pacífico, via Amazonas, onde não deixou vestígios, dando explicação à vela redonda da jangadinha de Marcgrave, em 1643, ou seria influência direta e imediata, e lógica das embarcações portuguesas, vindas de Portugal, e as construídas no Brasil sob a sua técnica.


Botar prá maré: Ir pescar.


Dar de vela: Voltar das pescaria. É a ordem de "largar", findando o trabalho.


Encalhar: Botar prá cima, arrastar a jangada para terra enxuta, fazendo-a deslizar em cima de rolos de coqueiro. É operação diária e sempre delicada e nem todos sabem encalhar com precisão e limpeza. Durante a noite o mestre avisa sua chegada soprando o búzio, pedindo o auxílio aos companheiros que encalharam anteriormente.


Búzio: Búzio era outrora empregado pelos jangadeiros, chamando os fregueses, anunciando peixe fresco quando as jangadas chegavam à praia. Continua usadissimo em quase todas as praias do Rio Grande do Norte para avisar a aproximação das jangadas ou canoas durante a noite. O som é prolongado e rouco atrai infalivelmente os pescadores que ajudam encalhar a jangada ou recebem encomendas ou recados trazidos. No Ceará, denominava-se atapu.

(CASCUDO, Luís da Câmara. Jangadeiros)






Por fim,mais pequeno texto que nos fala das dimensões e algumas características construtivas das jangadas,encontrado em http://www.soutomaior.eti.br/mario/paginas/dic_j.htm" onclick="window.open(this.href);return false;


JANGADA. A jangada é uma embarcação feita com paus roliços, de uma madeira especial mais conhecida por pau-de-jangada, usada em pescarias desde a colonização. No começo, as jangadas não tinham vela. Os tupis começaram usando uma vela em forma de triângulo que chamavam de cutinga, língua branca e chamavam as jangadas de itapaba, igapeba, piperi, candandu, catamarã e hoje são conhecidas como bote, burrinho, catre, paquete. As jangadas maiores são feitas com sete paus e as menores com cinco. Pero Vaz de Caminha foi a primeira pessoa que registrou a existência das jangadas entre os índios, na carta que mandou ao rei de Portugal, dando notícias da terra descoberta por Pedro Álvares Cabral. A jangada, no Nordeste, ainda é usada pelos pescadores. Nos açudes, as jangadas, sem velas, são feitas com troncos de bananeira. Os índios do Rio São Francisco faziam suas jangadas com junco de piripiri e os guaranis usavam o bambu. Geralmente a jangada nordestina menor tem 3 metros de comprimento por 80 cm de largura e a maior, a jangada grande, chega a medir de 8 a 9 metros de comprimento por até 2 metros de largura. Sua tripulação varia de acordo com o tamanho, de dois a quatro homens.




Ressalto que estes textos só foram encontrados bem depois da data que iniciei a construção de minha primeira jangada(1997).
As minhas pesquisas preliminares foram todas feitas em livros,enciclopédias,revistas antigas e por ai afora.Hoje com a Internet e o Google estamos no paraíso...

Mais vamos a mais um pouco de informações sobre jangadas:

Os modelos atuais já não são mais feitos de troncos,ao invés disso,são feitas com uma espécie de casco de madeira aparelhada e contraplacado,como vocês poderão observar nas imagens abaixo:

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Subi algumas fotos pro photobucket e irei postá-las agora.
As primeiras são essas imagens que já haviam sido postadas em anexo e as demais são imagens antigas (talvez de década de 1940) da jangada ancestral tradicional de troncos.

Vamos lá:

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textura do pau de jangada (apeiba achinata)


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âncora




jangada atual e planos da mesma

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banco do mestre


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Como já mencionei anteriormente essa idéia de construir uma jangada começou de uma forma meio inusitada.A história começa assim:

Em março de 1997 adquiri uma revista inglesa chamada "Marine Modelling" e,antes que alguém sacaneie não foi pela matéria de capa que trazia os planos de um certo barco chamado "GAY CLASS PATROL ,mas sim por uma matéria que não aparecia refenciada na capa.

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A matéria era a respeito de um modelo feito em homenagem ao cinquentenário da viagem do explorador norueguês Thor Heyerdahl pelo Pacífico Sul com a balsa de troncos Kon-tiki,sobre a qual eu já tinha lido alguma coisa na minha infância(além da sua viagem com o barco de totora-junco- chamado Rá).Além disso tem uma música que é interpretada pelo grupo inglês The Shadows também chamada Kon-Tiki que eu sempre gostei.

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Para quem se interessar,existe um vídeo de quase uma hora da viagem no YouTube,cujo link é:

http://www.youtube.com/watch?v=gGooopCTmpg

Tem também esse vídeo curtinho,o qual posto aqui:

http://www.youtube.com/watch?v=ePXE2VXs ... r_embedded


E,como citei a música Kon-Tiki interpretada pelos Shadows,lá vai mais um vídeo do YouTube:

http://www.youtube.com/watch?v=aqh34k-N ... r_embedded


voltando à jangada...

Em princípio eu iria construir uma réplica do Kon-Tiki e comecei a calcular as dimensões dos materiais necessários para a sua execução:

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Agora é que vem a parte estranha da coisa,por mais que eu quisesse ir em frente no projeto,a coisa não ia prá frente.Parecia que tinha alguma coisa me segurando e "cutucando" dentro da minha cabeça :jangada,jangada,jangada como que algo ou alguém estivesse me obsediando e foi então que parti em busca de informações sobre jangadas.
Naquela época sem internet,google e outras facilidades que hoje temos,fui atrás de alguns livros e revistas que possuia e assim dei início ao PROJETO JANGADA.O material no qual me basei mostro a vocês a seguir:

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http://i879.photobucket.com/albums/ab35 ... ada011.jpg

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Baseando-me nestas imagens e na reportagem acima é que construi a jangada mostrada no início do tópico.Diferentemente da jangada real,optei por unir os troncos através de amarração ao invés de encaixe de uma vareta entre os troncos,pois se assim o fizesse não iria conseguir fazer com que os troncos ficassem ajustados e bem nivelados entre si.

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Esse método da amarração foi baseado no Kon-Tiki,só que grande problema de usar o mesmo,são os cortes que se ganha com a fricção do barbantes nos dedos.Haja esparadrapo para tentar protegê-los.

Bom pessoal,por hoje é isso ai...
mais postagens só no ano que vem :wink: 8)

Feliz Ano Novo para todos.
Muita saúde,luz e paz.

Abraço,franneto :mrgreen:
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franneto
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Re: JANGADA BRASILEIRA

Mensaje por franneto »

Olá amigos por descuido de minha parte eu estava postando novamente, em outra seção, a construção da jangada.

A postagem completa da mesma pode ser vista em:

http://www.modelismonaval.com/foro/view ... 129#p86129" onclick="window.open(this.href);return false;

Abraços desde São Paulo - Brasil

franneto
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